terça-feira, 3 de dezembro de 2013

 

EXTR@!
Informativo da Faculdade de Educação-UFRGS
Ano III, nº 35 1ª parte
30 de setembro de 2005
Em breve: Edição especial de aniversário 35 aNOS DA FACED
 
Exposição comemora os 35 anos da FACED com 35 esculturas da artista Adriana Xaplin
A escultora porto-alegrense Adriana Xaplin expõe 35 esculturas no pátio e nos nove andares do prédio da FACED/UFRGS. A exposição denominada linha Tênue integra as festividades de comemoração dos 35 anos da FACED/UFRGS.
A proposta da artista é mostrar ao público como as transformações contemporâneas colocaram o conceito ao lado da arte como processo de produção. Arte como conceito ou como criação desafiam a criatividade em uma guerra sem limites entre a estética possível e a estética pensada. Linhas imaginárias separam Apolo (desenho de 3,25 por 1,50 em algodão cru e grafite) de Dionísio (escultura de 3,25X0,70 confeccionada em arame, resina, ossos e material reciclado), em uma fissura barulhenta e silenciosa que condena a vida na vida, a morte na vida e a vida na morte.
A exposição Linha Tênue pode ser visitada até o dia
19 de dezembro de 2005, na FACED/UFRGS (Av. Paulo Gama, 110, Campus Central da UFRGS), fone 33163101.. A entrada é franca e aberta ao público em geral.
A programação completa das festividades de 35 anos da FACED será divulgada em edição especial de EXTR@!, na próxima semana.
Esculturas de Adriana Xaplin
EXTR@! ENTREVISTA
Acompanhe a seguir a entrevista de Giancarla Brunetto com a escultora Adriana Xaplin.
Adriana da Costa Lopes nasceu em Porto Alegre, no dia 17 de agosto de 1960. Realizou cursos no Atelier Livre de Porto Alegre, incluindo cursos de escultura com José Francisco Alves e com Caé Braga, no Museu do Trabalho.
Participou de várias coletivas no Instituto Goethe, Fórum Social Mundial, Casa de Cultura Mário Quintana, Usina do Gasômetro, Memorial do Rio Grande do Sul, Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul e Museu de Porto Alegre.
A exposição na FACED/UFRGS é a primeira individual da escultora, que
realiza oficinas de artes plásticas, artesanato, reciclagem de papel e cenário para teatro.
EXTR@!: A  exposição Linha Tênue, composta por 35 esculturas expostas nos vários espaços da FACED, inclusive no pátio, tem causado várias reações no público: espanto, surpresa, agrado, desagrado... Como você avalia essas reações, vão ao encontro de suas expectativas?
ADRIANA: As pessoas são livres para expressarem seus sentimentos. O sentido da arte é afetar e ser afetado. Aprecio todas as reações, menos a indiferença. Estou adorando as manifestações. A unanimidade nunca foi boa companheira...
EXTR@!: Essa é a sua primeira exposição individual.  O que representa para você esse novo momento em sua trajetória artística, marcada por várias coletivas nacionais e internacionais?
ADRIANA: Sim, é a minha primeira individual.  Nos últimos cinco anos venho desenvolvendo um trabalho intenso, onde busco, na forma humana, superar a dor da existência. Capturar o momento da criação e o envolvimento com sentidos faz parte do meu cotidiano. Penso que, neste novo momento, a ferramenta usada é a escultura, assim vou abrindo um caminho possível para transpor barreiras imaginárias e tocar o intocável.
EXTR@!: Existe algum trabalho que você gostou mais de criar, de produzir, em relação a outros? Qual é a sua relação de criadora com as obras que cria, o que elas significam para você?
ADRIANA: Dos meus trabalhos, "O Ciclo da Vida" tem um significado especial na minha trajetória. O tríptico de escultura foi especialmente criado para o Fórum Social Mundial de 2005. Retratando um casal desolado, e uma criança natimorta. Morte infantil, uma estatística mundial que mostra um quadro de horror, cena banal em tantos lugares do planeta. Uma escultura que tocou pessoas do mundo inteiro. Tudo que crio, faz parte da minha galeria de imagens,  a forma é modelada em barro, e revestida com resina. Essas esculturas são parte de minha captura de vida mundana. O avançar da forma é um misto de modelar, observar, prazer e dor.  
EXTR@!: Você já teve outras exposições em que colocou as esculturas na rua (Museu de Porto Alegre, 2004, por exemplo).  O que a escultura deve representar aos sentidos de quem a aprecia?
ADRIANA: Sim. No Museu de Porto Alegre, minhas esculturas ficaram todas no pátio do museu. A intervenção no espaço urbano, saindo de lugares tradicionais de arte, como galerias, ateliês e museus possibilita que pessoas que não tem acesso a arte, como os transeuntes apressados, o trabalhador, o estudante, o papeleiro, o cidadão que espera o ônibus, possam ter um encontro com o inesperado.
EXTR@!: A sua formação inclui cursos de produção cultural, cenário,  cerâmica, desenho. Mas a escultura tornou-se a sua profissão. Que fatores levaram você a essa opção?
ADRIANA: O desenho é a base da formação do artista. A textura é uma descoberta que se leva para a vida inteira. O estudo de várias técnicas, como pesquisa em barro, foi importante para atingir o estado atual. O barro é uma grande paixão onde consigo expressar as formas. Fundir o barro em bronze é trabalhar com a magia do fogo. Minha primeira peça em bronze me deu o "recado" que ali estava o meu caminho, junto a escultura. 
EXTR@!: O seu ateliê abriga as obras de dimensões "gigantes": Procurante, Ladislau, Dionísio..., entre vários outros. O público pode visitar o seu show-room? Em que horário e endereço?
ADRIANA: Meu atelier é na Rua João Alfredo, nº 512. Cidade-baixa. Agendo visitas. Meu celular é: 91052081 e meu e-mail é adrianaxaplin@yahoo.com.br  
EXTR@!: Você está ministrando cursos e oficinas no momento? Ainda sobre esse assunto, como foi para você a experiência de realizar oficinas no Bandejão Popular, no Serviço Sócio-Educativo em meio aberto, na creche comunitária da Vila Divinéia, e na Associação de Moradores da Vila Dique?
ADRIANA: Sim. Na Associação do Bairro Bom Jesus, Rua São Marcos nº 587, pelo Projeto Descentralização da Cultura, da SMC da PMPA. Minha experiência no SASE- Serviço de Apoio Sócio-Educativo em meio aberto, nas comunidades, escolas, creches e ONGS faz parte da minha visão de mundo, onde a arte é parte de um processo de mudança.
EXTR@!: Que obras e artistas são fonte de inspiração para o seu trabalho?
ADRIANA: Auguste Rodin.
EXTR@!: O que não deve ser considerado como obra de arte, em sua opinião, em um mundo hipermoderno onde aparentemente a arte está liberta de todos os padrões e categorias?
ADRIANA: As transformações contemporâneas colocaram o conceito ao lado da arte como processo de produção. Arte como conceito ou como criação, desafiam a criatividade entre a estética possível e a estética pensada. A arte desmaterizalizada é arte?    
EXTR@!: Quais são seus próximos projetos?
ADRIANA: Estou agendando a Linha Tênue para a Câmara Munipal de Porto Alegre, a partir de 20 de dezembro até inicio de março, tenho convite da ULBRA e outras negociações que ainda não confirmei.

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